"MEU TOQUE É LETAL. MEU TOQUE É PODER."
Sinopse: Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser um guerreiro.
Um dos poucos livros que conseguiu me fazer ir do amor ao ódio a cada parágrafo, Estilhaça-me tem como personagem principal Juliette, uma menina que está presa em uma instituição psiquiátrica de segurança máxima, onde esta na solitária desde o momento que chegou (há quase um ano). Sua unica companhia é um caderno e uma caneta, aonde escreve tudo o que pensa e acontece com ela. O livro é uma mistura de visões, o que acontece na cabeça dela e o que ela escreve em um diário. Levei algum tempo para entender isso.
No começo, parece que estamos dentro da cabeça dela, como expectadores, vendo o que ela vê e sentindo o que ela sente, até as palavras começarem a aparecerem tachadas, como se ela estivesse escrevendo, e passasse a caneta por cima delas. É um caos bem agradável, como se ela tivesse um milhão e meio de pensamentos por segundo, e quando passasse eles para o papel, não fosse mais a mesma pessoa que escreveu a palavra anterior.
"- Juliette - sussurro. - Meu nome é Juliette.
Seus lábios amolecem em um sorriso que me quebra a espinha em pedaços. Ele repete meu nome como se a palavra o divertisse. Como se o entretivesse. Como se o deleitasse.
Em dezessete anos, ninguém jamais disse meu nome desse jeito. "
O livro começa com ela já na prisão por causa de um assassinato que ela cometeu sem querer. A vida toda, ninguém nunca tocou nela. Nunca. Tudo o que sabe é que não pode tocar em ninguém.
Quando faz isso sem querer, ela acaba matando uma pessoa, pulando de laboratórios para instituições psiquiátricas e prisões até parar na instituição atual do começo do livro.
"Eles tomaram tudo. Minha vida. Meu futuro. Minha lucidez. Minha liberdade."
Ao ler a sinopse, eu já tinha toda uma ideia pré montada sobre a Juliette Ferrars. Para mim, ela seria uma garota louca, sádica, que quer se vingar de todos pelo o que aconteceu. Ledo engano. Juliette é uma garota cujo os abusos psicológicos a tornaram uma pessoa tímida, sem confiança alguma, uma pessoa que foi tão maltratada que quase parece achar que tudo de ruim que acontece com ela, é merecido. Ela não pensa em revidar. Acostumada com personagens forte, como Feyre em Corte de Espinhos e Rosas e a Aelin em Trono de Vidro, Juliette me decepciona a maior parte do livro. Ela é fraca, e sabe disso. Apesar disso, eu nunca vi uma pessoa com uma mente tão forte como a dela, seu psicológico ainda que autodestrutivo, é forte. Podemos observar isso ao lembrar que a solitária é uma das medidas corretivas usadas na prisão. O uso prolongado dela é considerado como tortura psicológica pela ONU (Link usado para pesquisa vai estar no fim do texto, caso queiram mais informações).
Ficando 264 sem qualquer contato com qualquer coisa, é impressionante que ela ainda seja humana.
Os outros personagens são apresentados aos poucos, sendo Adam Kent o segundo a ser inserido. Adam é uma figura do passado de Juliette, tendo estudado com ela. Mesmo não falando com ela, era o único que a defendia quando as outras crianças a maltratavam. Ele aparentemente é duro, um soldado determinado, pronto para fazer o que for preciso para cumprir as ordens que lhe foram dadas, porem, conforme vamos o conhecendo, descobrimos um lado doce e gentil dele. No fundo, Adam é uma pessoa boa.
Logo depois, surge Warner, a figura mais contraditória tanto do primeiro, quanto do segundo e terceiro livros (Livro 1, 1.2 e 2). Aaron Warner é o comandante regente do setor 45, aonde a Juliette vive. Apesar de ser um cargo máximo naquele setor, algo como prefeito, ele tem apenas 19 anos. Ele é cruel, não tem receio ou hesitação na hora de puxar o gatilho.
"Em um mundo onde há tanto a sofrer e tão pouco a levar? Eu não lamento nada. Eu pego tudo."
Warner é obviamente obcecado com a Juliette. Ele se importa com o que ela faz, ou deixa de fazer. Até mesmo com as roupas que ela ganha posteriormente, ele se mostra incomodado quando ela não as usa. E ele é contraditório pois conforme eu lia, não sabia se o odiava por tudo o que ele é e faz, mas tendo lido A Rainha Vermelha e toda a coleção de Corte de Espinhos e Rosas, eu sei que todo personagem tem dois lados. O Warner psicopata, que mata sem remorsos se essas forem suas ordens é o lado que ele mostra ao mundo. Mas qual era o outro lado dele? O que ele esconde do mundo. Ou seria apenas como o Joker em A Piada Mortal? Ele fez por que quis?
Por fim, temos o Kenji Kishimoto.
"Você é mal-humorado. É sempre 'Cale a boca, Kenji'. "Vá dormir, Kenji." "Ninguém quer vê-lo nu, Kenji." Quando sei que existem milhares de pessoas que adorariam me ver nu”
Ele pode ser e se considera o ‘Alivio Cômico’, não só do livro em si, mas de toda a coleção. Seu jeito lembra muito o de Leo Valdez em Os Olimpianos, fazendo piadas e brincadeiras para aliviar um ambiente. Ele é o saco de pancadas, evitando que os outros se quebrem e a cola que os mantem unidos.
Há outros personagens, porém, citar eles seriam um spoiler bom e dos grandes, então fica para o próximo livro.
A bientôt chers lecteurs
Ps. https://nacoesunidas.org/prisao-solitaria-prolongada-equivale-a-tortura-psicologica-diz-especialista-da-onu/
O primeiro livro da trilogia Comando Sul nos apresenta o que o pode ser chamado de Novo Estranho, um gênero no qual o filme se encaixa perfeitamente, com seus diversos elementos impares, embora explorados com a profundidade de uma colher de chá.
Annihilation ou Aniquilação tem em seu livro e em sua adaptação cinematográfica a Bióloga (Lena) como personagem principal, uma mulher retraída, quieta e muito observadora. O livro começa já na Área X, com as quatro personagens acordando de uma hipnose feita por uma das personagens. Os nomes de nenhuma delas são citados, e elas se chamam por suas profissões. Somos então apresentados então a Bióloga, a Psicóloga, a Topografa e a Antropóloga. Havia uma quinta, a Linguista, porem ela desistiu ainda nas entrevistas, sendo citada pela Bióloga em apenas algumas passagens.
"- Ela mudou de ideia - disse a psicologa, encarando com firmeza nossos olhares interrogativos. - Decidiu ficar para trás.
Isso nos deixou um pouco chocadas, mas houve também um certo alivio por não ter sido nenhuma das outras. De todas as especialidades que compunham nosso grupo, a de linguista parecia a ser a mais descartável."
Conforme o decorrer do livro, e descobrimos mais a fundo as personalidades das personagens, me pergunto se ela realmente desistiu ou foi influenciada a desistir (Lembra da hipnose feita nas personagens citado logo no começo?).
Como todos os livros cuja a visão é apenas de um personagem, fico o tempo todo com um pé atrás com as informações nos dada pela bióloga, pois mesmo depois que ela desenvolve uma resistência a hipnose, não sabemos até que ponto esse "escudo mental" a protege.
A maior decepção no livro para mim, foi a falta de informações com bases cientificas. Embora a leitura seja fluida para mim, a escassez de informações é gritante, principalmente ao se lembrar que é uma bióloga que narra. Ela é uma cientista, mas raramente fala ou cita coisas com base técnica nos seus anos de estudo. Sim, há informações que uma pessoa normal não saberia em circunstancias comuns, mas elas são em minoria.
A bióloga também nos apresenta sua vida antes da Área X, mostrando que ela uma pessoa que embora inteligente, é antissocial quase que completamente, desde criança com dificuldades de se fazer amizades sem quaisquer motivos específicos. Embora seja provado com diversas pesquisas que pessoas mais inteligentes tendem a terem menos amigos, ela é não possui nenhum, ganhando o apelido de Ave Fantasma do próprio marido. Humanos são seres naturalmente sociais, dependíamos disso para nossa sobrevivência no passado, por isso, não consigo aceitar tão naturalmente seu isolamento social autoimposto. Mesmo quando uma das ordens diretas na hipnose seja para terem uma ligação umas com as outras, o máximo que ela consegue é uma frágil aliança com a Antropóloga, mas baseada na sobrevivência.
"[...] Confiarão totalmente nas suas colegas e terão um sentimento permanente de irmandade" (Trecho da hipnose feita)
Temos uma ideia básica das personagens, infelizmente elas não são tão exploradas quanto poderiam, sendo deixadas de lado quando poderiam ser um acréscimo positivo ao desenrolar da história, mas o autor prefere dar foco apenas na Bióloga, transformando-as outras quase em personagens terciários.
Apesar de ser uma leitura fluida, com certeza eu não sairia comentando para todos sobre o livro a não ser que ele surgisse em um tema de conversa, mas eu duvido muito disso, há muitas pontas soltas que eu não acho que serão resolvidas nos próximos. Porém, pretendo ler todos e fazer uma análise sobre ele pra vocês.