quarta-feira, 22 de abril de 2020

Estilhaça-me

"MEU TOQUE É LETAL. MEU TOQUE É PODER." 




Sinopse: Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser um guerreiro. 



Um dos poucos livros que conseguiu me fazer ir do amor ao ódio a cada parágrafo, Estilhaça-me tem como personagem principal Juliette, uma menina que está presa em uma instituição psiquiátrica de segurança máxima, onde esta na solitária desde o momento que chegou (há quase um ano). Sua unica companhia é um caderno e uma caneta, aonde escreve tudo o que pensa e acontece com ela. O livro é uma mistura de visões, o que acontece na cabeça dela e o que ela escreve em um diário. Levei algum tempo para entender isso. 

No começo, parece que estamos dentro da cabeça dela, como expectadores, vendo o que ela vê e sentindo o que ela sente, até as palavras começarem a aparecerem tachadas, como se ela estivesse escrevendo, e passasse a caneta por cima delas. É um caos bem agradável, como se ela tivesse um milhão e meio de pensamentos por segundo, e quando passasse eles para o papel, não fosse mais a mesma pessoa que escreveu a palavra anterior. 

"- Juliette - sussurro. - Meu nome é Juliette. 

Seus lábios amolecem em um sorriso que me quebra a espinha em pedaços. Ele repete meu nome como se a palavra o divertisse. Como se o entretivesse. Como se o deleitasse. 

Em dezessete anos, ninguém jamais disse meu nome desse jeito. " 



O livro começa com ela já na prisão por causa de um assassinato que ela cometeu sem querer. A vida toda, ninguém nunca tocou nela. Nunca. Tudo o que sabe é que não pode tocar em ninguém.

Quando faz isso sem querer, ela acaba matando uma pessoa, pulando de laboratórios para instituições psiquiátricas e prisões até parar na instituição atual do começo do livro. 

"Eles tomaram tudo. Minha vida. Meu futuro. Minha lucidez. Minha liberdade." 

 Ao ler a sinopse, eu já tinha toda uma ideia pré montada sobre a Juliette Ferrars. Para mim, ela seria uma garota louca, sádica, que quer se vingar de todos pelo o que aconteceu. Ledo engano. Juliette é uma garota cujo os abusos psicológicos a tornaram uma pessoa tímida, sem confiança alguma, uma pessoa que foi tão maltratada que quase parece achar que tudo de ruim que acontece com ela, é merecido. Ela não pensa em revidar. Acostumada com personagens forte, como Feyre em Corte de Espinhos e Rosas e a Aelin em Trono de Vidro, Juliette me decepciona a maior parte do livro. Ela é fraca, e sabe disso. Apesar disso, eu nunca vi uma pessoa com uma mente tão forte como a dela, seu psicológico ainda que autodestrutivo, é forte. Podemos observar isso ao lembrar que a solitária é uma das medidas corretivas usadas na prisão. O uso prolongado dela é considerado como tortura psicológica pela ONU (Link usado para pesquisa vai estar no fim do texto, caso queiram mais informações). 

Ficando 264 sem qualquer contato com qualquer coisa, é impressionante que ela ainda seja humana.  

Os outros personagens são apresentados aos poucos, sendo Adam Kent o segundo a ser inserido. Adam é uma figura do passado de Juliette, tendo estudado com ela. Mesmo não falando com ela, era o único que a defendia quando as outras crianças a maltratavam. Ele aparentemente é duro, um soldado determinado, pronto para fazer o que for preciso para cumprir as ordens que lhe foram dadas, porem, conforme vamos o conhecendo, descobrimos um lado doce e gentil dele. No fundo, Adam é uma pessoa boa.

Logo depois, surge Warner, a figura mais contraditória tanto do primeiro, quanto do segundo e terceiro livros (Livro 1, 1.2 e 2). Aaron Warner é o comandante regente do setor 45, aonde a Juliette vive. Apesar de ser um cargo máximo naquele setor, algo como prefeito, ele tem apenas 19 anos. Ele é cruel, não tem receio ou hesitação na hora de puxar o gatilho. 

"Em um mundo onde há tanto a sofrer e tão pouco a levar? Eu não lamento nada. Eu pego tudo." 

Warner é obviamente obcecado com a Juliette. Ele se importa com o que ela faz, ou deixa de fazer. Até mesmo com as roupas que ela ganha posteriormente, ele se mostra incomodado quando ela não as usa. E ele é contraditório pois conforme eu lia, não sabia se o odiava por tudo o que ele é e faz, mas tendo lido A Rainha Vermelha e toda a coleção de Corte de Espinhos e Rosas, eu sei que todo personagem tem dois lados. O Warner psicopata, que mata sem remorsos se essas forem suas ordens é o lado que ele mostra ao mundo. Mas qual era o outro lado dele? O que ele esconde do mundo. Ou seria apenas como o Joker em A Piada Mortal? Ele fez por que quis? 

Por fim, temos o Kenji Kishimoto. 

"Você é mal-humorado. É sempre 'Cale a boca, Kenji'. "Vá dormir, Kenji." "Ninguém quer vê-lo nu, Kenji." Quando sei que existem milhares de pessoas que adorariam me ver nu” 

Ele pode ser e se considera o ‘Alivio Cômico’, não só do livro em si, mas de toda a coleção. Seu jeito lembra muito o de Leo Valdez em Os Olimpianos, fazendo piadas e brincadeiras para aliviar um ambiente. Ele é o saco de pancadas, evitando que os outros se quebrem e a cola que os mantem unidos. 



Há outros personagens, porém, citar eles seriam um spoiler bom e dos grandes, então fica para o próximo livro. 




A bientôt chers lecteurs 

Ps. https://nacoesunidas.org/prisao-solitaria-prolongada-equivale-a-tortura-psicologica-diz-especialista-da-onu/ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário