A MORTE AS SEPAROU, UM DIÁRIO AS UNIU
"Summer Stetson não conheceu sua irmã. Sua mãe engravidou dela assim que Shannon morreu, aos 17 anos, em um terrível acidente de carro, que se chocou com uma árvore. Ao longo de sua vida, Summer acostumou-se a assistir seus pais repetirem o quanto a irmã era perfeita, amada e boa filha, e por isso sempre acreditou que fosse uma decepção para eles. Ao fazer 17 anos, recebe da tia de presente o diário que Shannon escrevia até o dia de sua morte. Ao ler aquelas páginas para saber mais sobre a irmã, acaba descobrindo alguns segredos, e a cada revelação, sobre a família e sobre si mesma, entende que a verdade pode ser, por vezes, dolorosa, mas nunca deixará de ser libertadora."
Um livro bem familiar, não é o tipo de coisa que se destaca em uma prateleira de livraria, o que é uma pena. Sua abordagem sobre adolescentes e sobre a morte sem dúvidas não é nenhum pouco caricato como a maioria dos outros que retratam um ou os dois temas.
O livro se passa na visão de Summer, uma garota de 16 anos que está sempre a sombra da irmã mais velha, Shannon. Detalhe, Shannon está morta há 17 anos. Apesar de ser uma pessoa madura, Summer visivelmente é amargurada por nunca estar no mesmo nível que a irmã. Não de um jeito ruim, ela não se importa muito com isso, mas é claro o seu incomodo quando todos a comparam com a perfeita Shannon. Em diversas passagens isso é deixado claro, seja dito ou seja escondido nas entrelinhas, podemos sentir tudo.
"– Meus pais ficaram arrasados quando ela morreu, por isso me tiveram. Sou a filha de segunda mão deles.
Gibs ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e se senta na outra ponta do sofá.
– Você é o quê?
– A filha de segunda mão. Shannon era perfeita, a vida deles era perfeita, tudo era mais que perfeito, então, ela morreu. E minha mãe achou que, se engravidasse de novo, teria outro bebê perfeito. Mas ela me teve."
– Você será último anista no ano que vem – diz, num tom gélido. – Tudo o que fizer agora pavimenta seu caminho no futuro. Você deveria estar tirando notas máximas, acumulando horas de voluntariado, fazendo projetos extracurriculares na escola, e... – Ela suspira, atormentada. – Você sabe, quando Shannon tinha a sua idade, ela...
Meu olhar devastador a interrompe no ato. Mamãe não é a única que sabe ser gélida.
– Ah, pare de ser tão sensível – ela replica. – Não estou comparando vocês duas, só estou...
Eu dou um tempo para ela sofrer. Ela fica sem saída.
– Só estou observando – continua bravamente – que sua irmã era... que ela era muito...
A palavra seguinte não sai: “inteligente”. O superlativo diz tudo. Shannon era “muito”. Eu não sou.
Pouco a pouco, mergulhamos no verão de 1993 para descobrir o que aconteceu com Shannon, estamos no futuro crescendo e amadurecendo com Summer em 2010. Acompanhando a vida das duas e descobrindo mais como era a vida da família e como tudo mudou. As diferenças e semelhanças entre o que era e o que é.
O diário não é apenas um meio de conhecer a irmã. É uma jornada de autodescoberta e autoafirmação. Vendo e entendendo como era a sua família há tantos anos e podendo comparar com agora, Summer tem a chance que sua irmã nunca teve: Aprender com seus erros. Se apaixonar. Crescer. Viver.
– Foi bom saber que Shannon não era perfeita. Faz eu me sentir um pouco menos decepcionante.Então, conheci minha irmã é um livro emocionante e muito recomendado a todas as faixas etárias, mas principalmente a infanto-juvenil e jovem-adulto, ainda mais pela personagem passar pelo o que passamos. É uma fase muito delicada de formação e reconhecer que não estamos sozinhos é fundamental. E o livro nos passa essa sensação com a delicadeza com que aborda coisas que muitas vezes são caricatas e desdenhadas.
A bientôt chers lecteurs