quarta-feira, 17 de junho de 2020

Então, conheci minha irmã

A MORTE AS SEPAROU, UM DIÁRIO AS UNIU

"Summer Stetson não conheceu sua irmã. Sua mãe engravidou dela assim que Shannon morreu, aos 17 anos, em um terrível acidente de carro, que se chocou com uma árvore. Ao longo de sua vida, Summer acostumou-se a assistir seus pais repetirem o quanto a irmã era perfeita, amada e boa filha, e por isso sempre acreditou que fosse uma decepção para eles. Ao fazer 17 anos, recebe da tia de presente o diário que Shannon escrevia até o dia de sua morte. Ao ler aquelas páginas para saber mais sobre a irmã, acaba descobrindo alguns segredos, e a cada revelação, sobre a família e sobre si mesma, entende que a verdade pode ser, por vezes, dolorosa, mas nunca deixará de ser libertadora."

Um livro bem familiar, não é o tipo de coisa que se destaca em uma prateleira de livraria, o que é uma pena. Sua abordagem sobre adolescentes e sobre a morte sem dúvidas não é nenhum pouco caricato como a maioria dos outros que retratam um ou os dois temas.  

O livro se passa na visão de Summer, uma garota de 16 anos que está sempre a sombra da irmã mais velha, Shannon. Detalhe, Shannon está morta há 17 anos. Apesar de ser uma pessoa madura, Summer visivelmente é amargurada por nunca estar no mesmo nível que a irmã. Não de um jeito ruim, ela não se importa muito com isso, mas é claro o seu incomodo quando todos a comparam com a perfeita Shannon. Em diversas passagens isso é deixado claro, seja dito ou seja escondido nas entrelinhas, podemos sentir tudo. 

"– Meus pais ficaram arrasados quando ela morreu, por isso me tiveram. Sou a filha de segunda mão deles. 
Gibs ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha e se senta na outra ponta do sofá. 
– Você é o quê? 
– A filha de segunda mão. Shannon era perfeita, a vida deles era perfeita, tudo era mais que perfeito, então, ela morreu. E minha mãe achou que, se engravidasse de novo, teria outro bebê perfeito. Mas ela me teve." 

 Retratando de forma bem delicada o que muitos adolescentes passam como a pressão dos pais, comparações com outras pessoas da família, as notas, nós facilmente entramos na pele dela.  A história é escrita e desenvolvida de um jeito que Summer é uma pessoa real. Uma pessoa que facilmente poderíamos imaginar como amigos e sua vida poderia ser a nossa.  As comparações acontecem e nós sentimos isso na nossa pele por que o mesmo acontece conosco. 

– Você será último anista no ano que vem – diz, num tom gélido. – Tudo o que fizer agora pavimenta seu caminho no futuro. Você deveria estar tirando notas máximas, acumulando horas de voluntariado, fazendo projetos extracurriculares na escola, e... – Ela suspira, atormentada. – Você sabe, quando Shannon tinha a sua idade, ela... 
Meu olhar devastador a interrompe no ato. Mamãe não é a única que sabe ser gélida. 
– Ah, pare de ser tão sensível – ela replica. – Não estou comparando vocês duas, só estou... 
Eu dou um tempo para ela sofrer. Ela fica sem saída. 
– Só estou observando – continua bravamente – que sua irmã era... que ela era muito... 
A palavra seguinte não sai: “inteligente”. O superlativo diz tudo. Shannon era “muito”. Eu não sou. 

Ao fazer 17 anos, Summer ganha de sua tia, o diário que sua irmã escrevia antes de morrer. E a pessoa que escreve esse diário não é a mesma que as pessoas parecem colocar em um pedestal. Essa Shannon não é a garota perfeita do hall da fama que sua família tanto enaltece. Não. Essa Shannon briga, se irrita, mente e erra. 

Pouco a pouco, mergulhamos no verão de 1993 para descobrir o que aconteceu com Shannon, estamos no futuro crescendo e amadurecendo com Summer em 2010. Acompanhando a vida das duas e descobrindo mais como era a vida da família e como tudo mudou. As diferenças e semelhanças entre o que era e o que é. 

O diário não é apenas um meio de conhecer a irmã. É uma jornada de autodescoberta e autoafirmação. Vendo e entendendo como era a sua família há tantos anos e podendo comparar com agora, Summer tem a chance que sua irmã nunca teve: Aprender com seus erros. Se apaixonar. Crescer. Viver. 

– Foi bom saber que Shannon não era perfeita. Faz eu me sentir um pouco menos decepcionante.  
Então, conheci minha irmã é um livro emocionante e muito recomendado a todas as faixas etárias, mas principalmente a infanto-juvenil e jovem-adulto, ainda mais pela personagem passar pelo o que passamos. É uma fase muito delicada de formação e reconhecer que não estamos sozinhos é fundamental. E o livro nos passa essa sensação com a delicadeza com que aborda coisas que muitas vezes são caricatas e desdenhadas. 





A bientôt chers lecteurs 




sexta-feira, 5 de junho de 2020

O Lado mais Sombrio

BEM VINDO AO VERDADEIRO PAÍS DAS MARAVILHAS


O Coelho Branco, o Chapeleiro Maluco, o Gato, a Lagarta, a Rainha de Copas... Todos eles estão de volta, e desta vez o assunto é sério. Alyssa precisa enfrentá-los para salvar as mulheres da sua família de uma terrível maldição. Neste romance fantástico e surpreendente, a realidade pode ser muito mais perturbadora do que os sonhos. Alyssa Gardner ouve os pensamentos das plantas e animais. Por enquanto ela consegue esconder as alucinações, mas já conhece o seu destino: terminará num sanatório como sua mãe. A insanidade faz parte da família desde que a sua tataravó, Alice Liddell, falava a Lewis Carroll sobre os seus estranhos sonhos, inspirando-o a escrever o clássico Alice no País das Maravilhas. Mas talvez ela não seja louca. E talvez as histórias de Carroll não sejam tão fantasiosas quanto possam parecer. Para quebrar a maldição da loucura na família, Alyssa precisa entrar na toca do coelho e consertar alguns erros cometidos no País das Maravilhas, um lugar repleto de seres estranhos com intenções não reveladas. Alyssa leva consigo o seu amigo da vida real – o super protetor Jeb –, mas, assim que a jornada começa, ela se vê dividida entre a sensatez deste e a magia perigosa e encantadora de Morfeu, o seu guia no País das Maravilhas. Ninguém é o que parece no País das Maravilhas. Nem mesmo Alyssa.


 Um dos meus livros favoritos, tanto pela quebra do clássico "contos de fadas" quanto pela adaptação dele para o mundo real de uma forma sombria, a história gira em torno de Alyssa Victoria Gardner, uma adolescente comum. Ou tão comum como dá para ser quando se ouve os insetos e as plantas falando, quando sua mãe está internada por ser louca e quando se é a descendente bastarda de Alice Liddell.  




"Coleciono insetos desde os dez anos de idade; foi o único jeito que encontrei de silenciar seus sussurros. Espetar um alfinete em sua barriga os silencia rapidamente. Algumas das minhas vítimas perfilam as paredes em molduras tipo caixa, enquanto outras ficam nas prateleiras dentro de potes de vidro para serem usadas depois. Grilos, besouros, aranhas... Abelhas e borboletas. Não sou seletiva. Assim que ficam tagarelas demais, tornam-se presa fácil." 

  

 Ela também é uma talentosa artista, usando esses insetos como parte de sua arte, criando a beleza a partir da morbidez de seus materiais e o livro começa em um dos momentos de sua criação de mosaicos antes de ir para o submundo (Uma antiga mina abandonada transformada em pista de skate). O melhor amigo e paixão platônica de Alyssa, Jeb trabalha lá, e ambos têm uma pequena discussão após ela cair na tentativa de fazer um ollie. Jeb leva Alyssa para a Clínica das almas, aonde a mãe de Alyssa está internada.  




"O fato é que os alcoólatras têm programas e seguem passos que os reconduzem à sociedade e a uma função. Os loucos, como Alison, só possuem celas acolchoadas e objetos sem pontas. 

Essa é a normalidade deles. 

Nosso normal." 




O livro segue bem normal, um pouco lento e arrastado no começo, sendo que ele realmente começa quando Alison (Mãe de Alyssa) tem um ataque grave na clínica e Alyssa descobre as mulheres da família Liddel são amaldiçoadas e por isso elas ouvem os insetos e as plantas. O pai de Alyssa diz que vai recorrer a terapia de choque numa tentativa de trazer Alison para casa. Desesperada, Alyssa sabe que sua mãe não vai sobreviver a primeira sessão, e decide ir ao País das Maravilhas para acabar com a maldição e salvar sua família. 




"— Por favor, tente compreender — explica papai — o quanto eu preciso que ela volte para casa. 
— Eu também preciso dela. 
— Então não faria tudo para que isso acontecesse? 
Dentro de mim, um lado escuro se agita e ganha vida. Ele me provoca para dizer exatamente o que estou pensando. 
— Sim. Eu até entraria numa toca de coelho. — E bato a porta." 

Correndo contra o tempo para salvar sua família, Alyssa segue várias pistas deixadas por sua mãe e um sombrio Guia para conseguir ir ao País das Maravilhas, ela consegue atravessar o espelho, indo parar em Londres para a primeira "Tarefa" para acabar com a maldição o que ela cumpre com certa facilidade, porém, ela acaba sem querer levando Jeb junto ao cair no mesmo buraco que Alice, o levando para um Wonderland sombrio, diferente daquele descrito por Lewis Carroll, e embora o mundo seja o mesmo, ele está distorcido, sombrio e deturpado. 




"— Pelo que eu sei — exponho —, este lugar é um reino mágico. E a coisa que acabamos de ver é um intraterreno... Um de seus habitantes. 
— Mágico? — Jeb me fita como se minha cabeça estivesse torta. — Não me lembro de a versão de Lewis Carroll mencionar alguma coisa sobre um esqueletinho ambulante. 
— Alice devia ser muito jovem para entender o que viu. Talvez sua mente tenha bloqueado os detalhes mais sinistros." 




 Seguindo até o coração do País das maravilhas, Alyssa finalmente conhece (Ou reconhece) Morpheus, seu antigo amigo de infância, que já havia levado para lá através de seus sonhos. Morfeu também é o guia de Alyssa e a única pessoa que realmente a conhece de verdades sendo ele a lagarta que levou Alice para o País das Maravilhas pela primeira vez. Quanto mais profundo se envolve e quanto mais tempo passa ali, mais Alyssa se divide em duas pessoas, quem ela é com Jeb e quem ela é com Morfeu. 




Logo ela descobre que nada é o que o que parece ser no País das maravilhas. 



Nem ela mesma.






sexta-feira, 8 de maio de 2020

Liberta-me

"HÁ MOMENTOS EM QUE É PRECISO DECIDIR-SE"



"Se no primeiro, "Estilhaça-me", importava garantir a sobrevivência e fugir das atrocidades do Restabelecimento, em "Liberta-me" é possível sentir toda a sensibilidade e tristeza que emanam do coração da heroína, Juliette. Abandonada à própria sorte, impossibilitada de tocar qualquer ser humano, Juliette vai procurar entender os movimentos de seu coração, a maneira como seus sentimentos se confundem e até onde ela pode realmente ir para ter o controle de sua própria vida. Uma metáfora para a vida de jovens de todas as idades que também enfrentam uma espécie de distopia moderna, em que dúvidas e medos caminham lado a lado com a esperança, o desejo e o amor."

Após ter conseguido escapar com vida da base do setor 45 com Adam e Kenji, Juliette finalmente consegue chegar ao Ponto Ômega, aonde outras pessoas como ela podem viver. Com um traje e uma nova compostura, Juliette parece que vai finalmente abandonar aquela garotinha que nos foi apresentado no primeiro livro. 




"Sinto-me incrível. Sinto meus ossos rejuvenescidos, minha pele 
vibrante, saudável. Tomo grandes goles de ar e aprecio o sabor. As coisas estão mudando, mas desta vez não estou com medo. Desta vez eu sei quem eu sou. Desta vez eu fiz a escolha certa e estou lutando pela equipe certa. Sinto-me segura. Confiante. Animada, até. Por que desta vez? Estou pronta." 




Eu pensei que ela finalmente estava pronta para revidar, que ela não ia abaixar a cabeça para as pessoas que fizeram mal a ela e aos que ela ama. Primeira decepção do livro, ainda nas primeiras páginas nos deparamos com a Juliette Ferrars do primeiro livro, sem mudança alguma, como se nata tivesse acontecido. 
Era de se esperar alguma mudança, qualquer uma, mas não há nada, nem mesmo aquela sutil resistência que ela possuía. Em diversos momentos do livro, tive que parar e respirar fundo, ou largava o livro de vez. Pelo que deu a entender, ela passava boa parte do tempo encolhida em algum canto do ponto Ômega. Mas as mudanças, seu amadurecimento e sua força são sutilmente colocados no livro. São adicionadas aos poucos, de forma que fica totalmente natural.

Um personagem, porém, que muda de forma drástica ao longo do livro é Adam Kent. Enquanto os outros personagens praticamente não mudam sua essência e quando "mudam" (Isso é, quando os conhecemos mais a fundo) mantem-se fieis ao que nos foi apresentado, e ao final do livro, Adam não é o mesmo cara do começo. 

Warner está no livro, não sendo apenas citado, como também tendo uma participação importantíssima para o desenvolvimento da história e da Juliette, e nós temos a chance de conhecer melhor o "psicopata" multifacetado que é ele.  

Uma das melhores coisas é o começo da amizade da Juliette e do Kenji, uma amizade sincera, aonde ambos se sentem confortáveis um com o outro até na hora de dar broncas e dar apelidos. Ele a apoia e lhe dá conselhos quando ela precisa, e o mesmo acontece com ela. Kenji e Castle (Líder do Ponto Ômega) tentam ajudar Juliette a entender seus sentimentos e a se entender como humana, e até mesmo James, o irmão mais novo do Adam ajuda nisso, embora indiretamente. 
O ritmo do livro é intenso, e embora eu tivesse que fazer aquelas pausas para não querer dar na cara da Juliette, mal percebi o tempo passando e quando vi, já tinha acabado ele. 
Não há novos personagens adicionados, os mesmos do livro anterior, mas citados de forma mais profunda em alguns casos, como é o caso do Supremo Comandante da América do Norte. 

Claro, há outras coisas para comentar, mas como eu disse no livro anterior, não poderia fazer isso sem dar spoilers, e não é essa a minha função aqui. Fiquem apenas com a última frase do livro como incentivo a ler e spoiler sobre Liberta-me. 

"E vou deixar minhas luvas para trás." 




A bientôt chers lecteurs






quarta-feira, 22 de abril de 2020

Estilhaça-me

"MEU TOQUE É LETAL. MEU TOQUE É PODER." 




Sinopse: Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser um guerreiro. 



Um dos poucos livros que conseguiu me fazer ir do amor ao ódio a cada parágrafo, Estilhaça-me tem como personagem principal Juliette, uma menina que está presa em uma instituição psiquiátrica de segurança máxima, onde esta na solitária desde o momento que chegou (há quase um ano). Sua unica companhia é um caderno e uma caneta, aonde escreve tudo o que pensa e acontece com ela. O livro é uma mistura de visões, o que acontece na cabeça dela e o que ela escreve em um diário. Levei algum tempo para entender isso. 

No começo, parece que estamos dentro da cabeça dela, como expectadores, vendo o que ela vê e sentindo o que ela sente, até as palavras começarem a aparecerem tachadas, como se ela estivesse escrevendo, e passasse a caneta por cima delas. É um caos bem agradável, como se ela tivesse um milhão e meio de pensamentos por segundo, e quando passasse eles para o papel, não fosse mais a mesma pessoa que escreveu a palavra anterior. 

"- Juliette - sussurro. - Meu nome é Juliette. 

Seus lábios amolecem em um sorriso que me quebra a espinha em pedaços. Ele repete meu nome como se a palavra o divertisse. Como se o entretivesse. Como se o deleitasse. 

Em dezessete anos, ninguém jamais disse meu nome desse jeito. " 



O livro começa com ela já na prisão por causa de um assassinato que ela cometeu sem querer. A vida toda, ninguém nunca tocou nela. Nunca. Tudo o que sabe é que não pode tocar em ninguém.

Quando faz isso sem querer, ela acaba matando uma pessoa, pulando de laboratórios para instituições psiquiátricas e prisões até parar na instituição atual do começo do livro. 

"Eles tomaram tudo. Minha vida. Meu futuro. Minha lucidez. Minha liberdade." 

 Ao ler a sinopse, eu já tinha toda uma ideia pré montada sobre a Juliette Ferrars. Para mim, ela seria uma garota louca, sádica, que quer se vingar de todos pelo o que aconteceu. Ledo engano. Juliette é uma garota cujo os abusos psicológicos a tornaram uma pessoa tímida, sem confiança alguma, uma pessoa que foi tão maltratada que quase parece achar que tudo de ruim que acontece com ela, é merecido. Ela não pensa em revidar. Acostumada com personagens forte, como Feyre em Corte de Espinhos e Rosas e a Aelin em Trono de Vidro, Juliette me decepciona a maior parte do livro. Ela é fraca, e sabe disso. Apesar disso, eu nunca vi uma pessoa com uma mente tão forte como a dela, seu psicológico ainda que autodestrutivo, é forte. Podemos observar isso ao lembrar que a solitária é uma das medidas corretivas usadas na prisão. O uso prolongado dela é considerado como tortura psicológica pela ONU (Link usado para pesquisa vai estar no fim do texto, caso queiram mais informações). 

Ficando 264 sem qualquer contato com qualquer coisa, é impressionante que ela ainda seja humana.  

Os outros personagens são apresentados aos poucos, sendo Adam Kent o segundo a ser inserido. Adam é uma figura do passado de Juliette, tendo estudado com ela. Mesmo não falando com ela, era o único que a defendia quando as outras crianças a maltratavam. Ele aparentemente é duro, um soldado determinado, pronto para fazer o que for preciso para cumprir as ordens que lhe foram dadas, porem, conforme vamos o conhecendo, descobrimos um lado doce e gentil dele. No fundo, Adam é uma pessoa boa.

Logo depois, surge Warner, a figura mais contraditória tanto do primeiro, quanto do segundo e terceiro livros (Livro 1, 1.2 e 2). Aaron Warner é o comandante regente do setor 45, aonde a Juliette vive. Apesar de ser um cargo máximo naquele setor, algo como prefeito, ele tem apenas 19 anos. Ele é cruel, não tem receio ou hesitação na hora de puxar o gatilho. 

"Em um mundo onde há tanto a sofrer e tão pouco a levar? Eu não lamento nada. Eu pego tudo." 

Warner é obviamente obcecado com a Juliette. Ele se importa com o que ela faz, ou deixa de fazer. Até mesmo com as roupas que ela ganha posteriormente, ele se mostra incomodado quando ela não as usa. E ele é contraditório pois conforme eu lia, não sabia se o odiava por tudo o que ele é e faz, mas tendo lido A Rainha Vermelha e toda a coleção de Corte de Espinhos e Rosas, eu sei que todo personagem tem dois lados. O Warner psicopata, que mata sem remorsos se essas forem suas ordens é o lado que ele mostra ao mundo. Mas qual era o outro lado dele? O que ele esconde do mundo. Ou seria apenas como o Joker em A Piada Mortal? Ele fez por que quis? 

Por fim, temos o Kenji Kishimoto. 

"Você é mal-humorado. É sempre 'Cale a boca, Kenji'. "Vá dormir, Kenji." "Ninguém quer vê-lo nu, Kenji." Quando sei que existem milhares de pessoas que adorariam me ver nu” 

Ele pode ser e se considera o ‘Alivio Cômico’, não só do livro em si, mas de toda a coleção. Seu jeito lembra muito o de Leo Valdez em Os Olimpianos, fazendo piadas e brincadeiras para aliviar um ambiente. Ele é o saco de pancadas, evitando que os outros se quebrem e a cola que os mantem unidos. 



Há outros personagens, porém, citar eles seriam um spoiler bom e dos grandes, então fica para o próximo livro. 




A bientôt chers lecteurs 

Ps. https://nacoesunidas.org/prisao-solitaria-prolongada-equivale-a-tortura-psicologica-diz-especialista-da-onu/ 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Aniquilação


O primeiro livro da trilogia Comando Sul nos apresenta o que o pode ser chamado de Novo Estranho, um gênero no qual o filme se encaixa perfeitamente, com seus diversos elementos impares, embora explorados com a profundidade de uma colher de chá. 

Annihilation ou Aniquilação tem em seu livro e em sua adaptação cinematográfica a Bióloga (Lena) como personagem principal, uma mulher retraída, quieta e muito observadora. O livro começa já na Área X, com as quatro personagens acordando de uma hipnose feita por uma das personagens. Os nomes de nenhuma delas são citados, e elas se chamam por suas profissões. Somos então apresentados então a Bióloga, a Psicóloga, a Topografa e a Antropóloga. Havia uma quinta, a Linguista, porem ela desistiu ainda nas entrevistas, sendo citada pela Bióloga em apenas algumas passagens. 


"- Ela mudou de ideia - disse a psicologa, encarando com firmeza nossos olhares interrogativos. - Decidiu ficar para trás.
Isso nos deixou um pouco chocadas, mas houve também um certo alivio por não ter sido nenhuma das outras. De todas as especialidades que compunham nosso grupo, a de linguista parecia a ser a mais descartável."
Conforme o decorrer do livro, e descobrimos mais a fundo as personalidades das personagens, me pergunto se ela realmente desistiu ou foi influenciada a desistir (Lembra da hipnose feita nas personagens citado logo no começo?). 
Como todos os livros cuja a visão é apenas de um personagem, fico o tempo todo com um pé atrás com as informações nos dada pela bióloga, pois mesmo depois que ela desenvolve uma resistência a hipnose, não sabemos até que ponto esse "escudo mental" a protege. 

A maior decepção no livro para mim, foi a falta de informações com bases cientificas. Embora a leitura seja fluida para mim, a escassez de informações é gritante, principalmente ao se lembrar que é uma bióloga que narra. Ela é uma cientista, mas raramente fala ou cita coisas com base técnica nos seus anos de estudo. Sim, há informações que uma pessoa normal não saberia em circunstancias comuns, mas elas são em minoria. 

A bióloga também nos apresenta sua vida antes da Área X, mostrando que ela uma pessoa que embora inteligente, é antissocial quase que completamente, desde criança com dificuldades de se fazer amizades sem quaisquer motivos específicos. Embora seja provado com diversas pesquisas que pessoas mais inteligentes tendem a terem menos amigos, ela é não possui nenhum, ganhando o apelido de Ave Fantasma do próprio marido. Humanos são seres naturalmente sociais, dependíamos disso para nossa sobrevivência no passado, por isso, não consigo aceitar tão naturalmente seu isolamento social autoimposto. Mesmo quando uma das ordens diretas na hipnose seja para terem uma ligação umas com as outras, o máximo que ela consegue é uma frágil aliança com a Antropóloga, mas baseada na sobrevivência. 


 "[...] Confiarão totalmente nas suas colegas e terão um sentimento permanente de irmandade" (Trecho da hipnose feita)

Temos uma ideia básica das personagens, infelizmente elas não são tão exploradas quanto poderiam, sendo deixadas de lado quando poderiam ser um acréscimo positivo ao desenrolar da história, mas o autor prefere dar foco apenas na Bióloga, transformando-as outras quase em personagens terciários. 

Apesar de ser uma leitura fluida, com certeza eu não sairia comentando para todos sobre o livro a não ser que ele surgisse em um tema de conversa, mas eu duvido muito disso, há muitas pontas soltas que eu não acho que serão resolvidas nos próximos. Porém, pretendo ler todos e fazer uma análise sobre ele pra vocês.